Análise: Princesa falha na "missão acesso", mas ano tem mais acertos que erros


O Princesa viveu um 2017 cheio de altos e baixos. Após um início de muita desconfiança, o time fez uma Série D acima de qualquer expectativa e nutriu, ao menos por algumas semanas, a esperança de o Amazonas sair da quarta divisão do futebol brasileiro. No fim, a classificação não veio, mas sensação de que a campanha foi marcada mais por acertos do que erros aplaca a desilusão de ficar mais uma vez pelo caminho. Em compensação, o futuro do time traz uma grande interrogação, após o fim do ciclo mais vitorioso da história do clube.

Início com desconfiança
Quando o Princesa apresentou o elenco em janeiro com apenas 18 jogadores, ficou claro que não seria uma temporada fácil financeiramente para o clube. Com a torneira fechada por seus principais investidores, o Tubarão precisou se virar como pôde para ter um time competitivo em 2017.

elenco do princesa (Foto: Sandro Hiroshi/Princesa)

A permanência de nomes como Toró, Pastor e Michel Parintins e posteriormente a chegada de Weverton, após jogar na Europa, animava os torcedores, mas a aposta em Alberone, um treinador com pouca experiência na função, e que nunca havia disputado competições nacionais, colocou na equipe logo de cara uma carga imensa de desconfiança.

Mesmo assim, Alberone trabalhou sem muito alarde, montou o time que conseguiu, com alguns jogadores de confiança e iniciou a temporada sabendo que não poderia errar se quisesse comandar o time na Série D.

Desempenho no Amazonense
Após uma eliminação previsível na Copa do Brasil, diante do Internacional, o Princesa pôde enfim começar a temporada, já com algum lucro: financeiro, e por que não, técnico também. Afinal, jogar de igual para igual contra um dos gigantes do futebol brasileiro não é para todos.

O início na competição Estadual que ajudaria a definir e estruturar a equipe que tentaria o acesso foi promissor. Apesar de uma derrota para o Fast, o Princesa chegou à quinta rodada como líder, após vencer o Rio Negro em Manaus e o Nacional em Manacapuru. Mas uma sequência de empates, com uma derrota surpreendente para o Holanda no meio do caminho fizeram o time chegar à 10ª rodada em um cenário totalmente diferente: quarta posição e lutando para se manter no G4.

Princesa ficou em quarto lugar no Campeonato Amazonense (Foto: Marcos Dantas)

Sem conseguir fazer partidas convincentes, o Princesa venceu apenas o jogos mais prováveis, até a 14ª rodada, e se manteve no grupo dos classificados graças a uma combinação de resultados, em meio a uma confusão envolvendo escalações irregulares de outras equipes.

Já vendo o início da Série D à frente, o Princesa teve pouco mais de uma semana para se preparar para uma maratona de decisões. No dia 24 de maio, apenas três dias após estrear com uma boa vitória na Série D, o Princesa recebeu o Nacional em casa, para o primeiro jogo da semifinal, que terminou empatado em 2 a 2. Uma semana depois, após voltar de uma viagem no Acre, para um jogo do Brasileiro, onde acabou derrotado, o time caiu mais uma vez, perdendo por 2 a 0 e sofrendo uma eliminação que na época não teve tanto eco por conta do envolvimento da equipe em uma competição mais improtante.

O Princesa só voltaria a pensar no Amazonense quase duas semanas depois, para disputar o terceiro lugar e uma vaga na Copa Verde, que acabou ficando com o Fast, em um dos jogos mais melancólicos da competição.

Uma fortaleza chamada Gilbertão
Apesar de não conseguir chegar à decisão do Estadual, o Princesa terminou o Amazonense com apenas uma derrota em casa, justamente para o campeão Manaus FC. Com isso, mais o retrospecto rescente do time no Brasileiro jogando em casa, além da vitória por 3 a 0 sobre o Real Ariquemes na estreia, deram o crédito que a equipe precisava para se recuperar a sequência ruim acumulada com a eliminação no Barezão e as duas derrotas seguidas fora de casa na Série D, contra Atlético-AC e Trem-AP, mesmo com a saída de Michel Parintins, um dos principais jogadores do time, que não renovou seu contrato por pleitear um aumento que o Princesa, na época, afirmou não poder pagar.

Gilbertão: o Princesa não sabe o que é perder aqui jogando a Série D (Foto: Marcos Dantas)

Série D
O Princesa pintou como um dos favoritos a passar de fase na Série D somente na quarta rodada. Com Wander no lugar de Michel Parintins, o time atropelou o Trem-AP por 3 a 0 e na sequência venceu o Atlético-AC por 1 a 0, com o Gilbertão de testemunha e aliado na campanha que já ganhava contornos de dramaticidade. A vitória por 1 a 0 fora de casa, diante do Real Ariquemes, na última rodada, serviu para espantar os fantasmas do Tubarão em jogar longe de seus domínios.

A história do Princesa na Série D tinha tudo para terminar com um final feliz, mas não foi dessa vez (Foto: Marcos Dantas)

Na segunda fase, o adversário seria o Gurupi-TO, que já havia feito uma vítima no Amazonas, na primeira fase. Após empatar com o Fast na Arena da Amazônia, o time do interior do Tocantins deu início a uma arrancada impressionante, que levou a equipe de quase eliminada, à uma das favoritas ao acesso.

O primeiro jogo, em Manacapuru, foi cheio de reviravoltas. Após sair atrás no placar, buscar o empate e ficar atrás novamente, o Princesa conseguiu virar o jogo, mas um gol nos acréscimos fez o time amazonense viajar para Gurupi com o empate amargo em 3 a 3. No jogo da volta, mesmo fazendo uma partida de superação, com arbitragem polêmica, dois a menos e mais um gol sofrido no fim, o Princesa deu adeus ao Brasileiro.

Os multifuncionais
A eliminação deixou na boca do torcedor um gosto de que o time poderia ter chegado mais longe, apesar de todas as dificuldades. A impressão de que uma casualidade poderia ter feito toda história ter sido diferente, lembra que o futebol, apesar de tudo, ainda se decide no campo, e foi isso que aconteceu com o Princesa 2017.

Quando precisou, Alberone pôde contar com jogadores multifuncionais, como Randerson (foto) (Foto: Marcos Dantas)

Quando Alberone se viu diante de uma epidemia de lesões, improvisou Leozinho na lateral esquerda e quando foi a vez de Leozinho se machucar, Getúlio, lateral direito de origem, teve que fazer a função.

Sem mais um atacante de velocidade para compor a tríade com Weverton e Branco, o jovem meia Randerson mostrou que a base vem forte e fez a função com a maestria de um jogador experiente.

Mérito dos jogadores, que entenderam o momento que o clube passava e abraçaram a causa em busca do milagre que seria a classificação. Mas mérito também de Alberone, que soube identificar jogadores multifuncionais em um elenco bombardeado com a desconfiança no início da temporada.

Futuro
Sem calendário em 2018, o futuro do Princesa é uma incógnita. A impressão de que o ciclo vitorioso do clube campeão amazonense 2013 chegou ao fim assombra os torcedores mais fanáticos. Esperando por mais um milagre, apoiando-se no fato de que a história do Princesa está repleta deles, o que resta ao Tubarão no momento, é a esperança de voltar aos dias de glória.

Analisando friamente os fatos, é possível exaltar que apesar dos pesares, o Princesa teve uma temporada de mais acertos do que erros, principalmente em campo. Fora dele, o aproveitamento é de 50%, quando vemos que o clube fez o que pôde para manter sua saúde financeira e não fez loucuras que prejudicariam as próximas temporadas, mas por outro lado não conseguiu se preparar adequadamente para mais um ano de calendário cheio.

Fonte: GE
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